sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sem medos- X

-Então era aqui que me queria trazer? A uma sala de piano? - sorri.
-Não é uma simples sala de piano. Era aqui que o meu filho mais novo passava maior parte do tempo.
-Ainda se lembra muito dele?
-Todos os dias, a toda a hora. Continua a ser meu filho, apesar do que aconteceu.
-Acredito que sim. Como é que ele se chamava?
-Pedro. - deitou-me uma lágrima pelo canto do olho.
-Desculpe, eu não queria ..
-Querida, não te preocupes. Este assunto torna-me mais forte a cada dia que passa. Ao início foi mais doloroso, mas sabes, a vida continua. Os ponteiros do relógio continuam a andar. E nós, não podemos parar, porque há sempre alguém que nos vê como um exemplo.
-Eu vejo-a como um exemplo.
-Eu sei disso desde o primeiro minuto em que me viste. Ficas-te a olhar para mim com a boca aberta, durante bastante tempo, devo dizer-te.- riu-se.
-Faço sempre isso. Eu e o meu .. - calei-me.
-Tu e o teu?
-Eu e o meu irmão. Acho que é das poucas parecenças que temos.
-Já percebi que não te dás muito bem com ele.
-Mas adorava dar-me, acredite.
-Então, queres falar?
-Não a quero chatear com os meus problemas.
-Não chateias nada, querida. Força, só estou de ouvidos.
Contei-lhe tudo. Contei-lhe o que o meu irmão fez, a decisão que os meus pais tomaram e até mesmo aquilo que estava a sentir : um pouco de raiva, um pouco de tristeza:
-Sabes, querida, por vezes, os adultos também falham. Cometem erros. Repetem-os mil e uma vezes, mas aprendem sempre. E os teus pais, só querem o melhor para ele.
-E para mim? Será que eu não interesso? Será que eu não existo para eles?
-Claro que interessas e tenho a certeza que irás ser sempre a pequenina deles.-Sorriu.- Mas talvez, o que é melhor para o teu irmão, não é o melhor para ti. Eles tiveram de escolher alguma opção, mas não quer dizer que eles já não gostem de ti, pelo contrário. Eles vão sempre gostar de ti e do teu irmão de maneira igual.
-Já sei a quem é que o Jonny saíu. - Sorri.
Soube-me realmente bem desabafar com uma pessoa adulta. Sabia que tinha pessoas que realmente gostavam de mim e que se preocupavam comigo. E isso, fazia sentir-me feliz. Tinha amor e amizade. Tinha carinho e atenção. Do que é que precisava mais?
-Estão a falar de mim?- Sorriu também, e consegui sentir o brilho dos olhos do meu namorado, por ver que a namorada e a mãe se davam tão bem, como se conhecessem à (muitos) anos.

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                                               (Continua .. )

16 comentários:

  1. Obrigada ;3
    um texto muito sentido, tem muito do coração!

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  2. eu estou a gostar tanto de ler esta historia, pow!

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  3. Lindo,lindo,adorei.
    Querida tem selo pra ti no meu blog,depois pega la .
    beijos

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  4. Fiquei muito tempo sem entrar, mas hoje já li toda a história e estou amando. Senti falta daqui, mas estou de volta. Beijos.

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  5. força, acredita que vais gostar muito. está fantástico o filme :')
    está linda *.*

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  6. estive a ler a história e está sem dúvida muito bonita e sentimental, vou seguir e acompanhar o desenrolar desta história :D

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