segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sem Medos- XXIV

Mal cheguei a casa, fui direita ao meu quarto. Custa-me ver as molduras com fotos da minha mãe, comigo, com o meu pai, com o meu irmão ou com quem quer que fosse. A casa parecia outra. Faltava-lhe aquela alegria; faltava a voz da minha mãe ecoar pelas paredes para chamar-nos para jantar. Ela partira à pouco tempo e eu já estava a morrer de saudades.
(...)
Limpei as lágrimas que insistiam em cair no meu rosto e comecei a escrever a carta para o Jonny:

«Querido Jonny,
Desculpa ter saído de casa, sem te ter dito nada. O meu irmão não foi lá para me insultar, ao contrário do que nós pensávamos. Ele foi lá dizer que não estava nele, naquele dia e pediu-me desculpas. E sendo meu irmão, não consegui dizer-lhe que não. 
Agora, vem a parte pior .. A minha mãe, teve um acidente. Foi para o hospital, entrou em morte cerebral e o coração, acabou por parar de bater. Não é justo, pois não? Todo este tempo pensei que ela ainda poderia ver-nos a casar e ensinar aos nossos filhos, tanto como me ensinou a mim. Está a ser tão dificil lidar com esta situação que te escrevo com lágrimas a escorrerem-me dos olhos. Não te liguei porque não sei onde deixei o telemóvel. Mas isso, agora, também não é o mais importante .. 
 Jonny, custa me escrever isto, mas eu não vou voltar. Não é por não ter gostado da "estadia" nem de ti, mas o meu pai e o meu irmão precisam de mim, cá em casa. Vou sentir a falta dos beijos de boa noite, dos nossos passeios ao luar, das nossas conversas até à madrugada do dia seguinte. Mas, eu não quero, que tudo o que criamos, acabe.  Eu amo-te e não quero que nada nem ninguém estrague o que temos. Os tempos têm sido difíceis, mas eu ainda acredito que melhores dias virão. Por favor, desculpa-me e escreve-me de volta para saber noticias tuas.
Com todo o meu amor e com um grande pedido de desculpas,
 Ana.

(Continua ..)

15 comentários:

  1. adoro o que escreves!
    e obrigada por todo o teu apoio, mesmo :$

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  2. é mesmo, o mais verdadeiro que senti.

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  3. mas já acreditei mais que ele estivesse a vir, agora já não acredito. cansei-me das pessoas, de me desiludirem de lhes darmos tudo e nos tratarem como um farrapo.
    queria dizer te um eterno obrigada por cada palavra que me foste deixando ao longo do tempo no mesmo espacinho. peço desculpa por por vezes não ser a mais assidua e atenta ao que escrevias. um enorme beijinho da simple writer

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  4. rápido ! , quero mais .
    amo esta história :)

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  5. é parecido mas não tanto como pensas :) têm aspectos que em nada são iguais !

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  6. mil obrigadas por todos os comentários, princesa! ♥

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  7. por vezes só queremos parar de pensar mas há sempre algo que nos incentiva a fazê-lo com mais dinâmica

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